quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Navegante de mim

Prazer intenso, úmido que tomo.
Perco invariavelmente a mente nas soluções narcisistas
de um meio tempo repleto de indecisões.
Viagem calmaria.
Vale o céu, vale o chão,
mas não vale nunca a solidão.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Nova planície.

Sonoramente repugnante é a dor que se guarda engasgada na garganta, ciúmes que se formam como pequenas doenças e acumulam-se, preparam-se e explodem quando convém. É como se eu não tivesse forças ao imaginar o simples fato de outra abelha estar pousada em minha flor, meu nectar. Meu coração fala tanto, mas sua voz é baixa demais ou imprestável demais.
Parecce que vejo o passado de cima e bem próximo.
Sei que não vale a pena reclamar nem lamentar-me, mas de uma planície para outra aprendi muita coisa e uma delas foi a vontade de ter tido sempre em meus braços tudo o que hoje me faz bem... e que apenas descobri tão recentemente.

Certamente gostaria de ser diferente, apagando o passado de quem amo em vez de apagar o meu.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Foge do tempo o tempo em que se percebia facilmente os deslises fragmentados na movimentação dos olhares frios, porém sem cor ou tamanho... Nada vale.

A desigualdade que permeia os meus longos sinais não se mistura facilmente com as ações relacionadas ao modo de preparar verdades fajutas como aquelas que as pessoas costumam jogar na cara do cara prontas para receber algum tipo de reação. Ilusão.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Olhos fritos.

Para Dudu, Léo e Bozo.

Num momento meio palha permeneceu o papel na saliva... Horas depois não parávamos de rir, no meio do som do ensaio da Criaturas. Rimos até doer a barriga enquanto queimavam nossos pés, pernas e o resto do corpo. Lágrimas não escorriam, mas pingavam para longe dos olhos de tanta graça... De um simples olhar na cara do outro. A música apenas fixou-nos dentro de uma flor super colorida que se apresentava quando fechados os olhos fritos. Maçã cachimbo e Beatles gritado no quartinho. Zumbis de lata de cerveja ameaçadores vinham em nossa direção para devorar nossas entranhas. Era difícil contê-los pois tinhamos apenas uma espingarda de chumbinho, um pouco maior que uma Winchester. Após morrermos e virarmos zumbis, coneguimos nos livrar dessa maldição que envolvia agora todos ali presentes. Depois da dor do riso pelos cantos, o mais confortavelmente possível nos colocamos e esperamos o sono bater.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Amor.

Um milagre se resume facilmente nos sorrisos de rostos grudados por um beijo, um olhar, um jeito de respirar ou pelo calor do amor...
O amor se resume gentilmente no fato de existir mesmo contra a vontade, mesmo sem lógica ou nexo, na lonjura e principalmente quando perto demais, no fato de não querer estar longe um minuto, um segundo... O amor desabrocha com o tempo e só o tempo permite a sua existência, pois só o tempo pode finda-lo.
O amor é para tolos e fracos... mas o que é o homem senão tolo e fraco. Ninguém vive sem e os amores são completamente diferentes.
Falar de amor é algo tão fácil que qualquer um consegue. Pode ser a qualquer momento... hora ou outra irão desfilar para fora da boca palavras que muito bem farão a alguém. Amor pode ser livre, bem como aprisionador, desaguar em quantidades diárias diferentes, pode ser insano e irreal, pode ser verdadeiro, mas nunca mentiroso... pois o amor não mente, faz você fazê-lo por ele. O amor é a melhor droga e é de graça. Vale a pena experimentar e reexperimentar, com a mesma pessoa ou não, para o resto da vida.

.... mas essa é só a minha visão sobre....

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Imarginalidade

Abro o fechamento dos meus olhos nesse deserto mortal de um domingo central presente no chão de cada manhã, ordinária e moribunda, de códigos monumentais. Nada vai rasgar a dor ou queimar de vez, tirando a minha voz de realidades fáceis ou recados de bar. Em chuva ou sol sou mil na vontade de ascender desesperadamente feito fogo, feito um terremoto, feito um soco na boca do estômago, feito carne crua a mastigar, feito o êxtase do eterno amor ou a correria fria na corrente sanguínea.
A imarginalidade de minha imaginação compromete-se ao se derreter com lembranças escrotas que acabam se reinventando de tempo em tempo, como a visita de alguém distante ou a cocaína em meus amigos amorosos, em músicas fajutas que agradam talvez gregos, talvez troianos.
O campo passível de minha arte nesse segredo mortífero inverte-se na narrativa dada, lançando o afeto que tenta corromper a noção de real e torna-la torta ou aleijada. O metafísico vem depois de conhecermos e aplicarmos nossa capacidade, vem depois do sucesso mental ou real.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Manifesto Novista ou estou decepcionado.

Chega de ressuscitismos! Chega de cultuar de forma obcecada os Grandes do passado! Isso, meu amigo, não é negar, de forma alguma! Deve-se apenas chupar o necessário e, se tiveres capacidade, não permitir gozar, pois a porra toda descaracterizará a tentativa do Novo.
Conheça sua mente e reproduza-a de forma crua e sincera. É claro que o Novo não é novo, o Novo sempre teve de passar por um processo até ser dito como tal e, tempo depois, um novo processo agruparia as característcas do antigo Novo, levando a formar a base para o que seria o novo Novo no final, que obviamente é o início de mais um processo e seguirá assim para sempre.
Se um dia, ser humano, atingires o Novo... no dia seguinte elabore a base para o Novo seguinte.
É fato que isso tudo é verdade e seja talvez uma idéia nova aceitar esse fato.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Manequim de mim

Como se valesse, o céu girou pra mim. A beleza do vento esmurrou meu rosto de bobeiras e a luz de invenções escorreu pela praça graciosa do tao do meu rancor.
Fumaças leves em um milhão de sois! Dilúvios dramáticos numa lembrança vil! Insônia mesquinha num sonho de papel! E em meus olhos, pregados por uma grossa voz de mel, ruirão tristezas lambidas no manequim de mim.

sábado, 20 de setembro de 2008

...

Parece que giro... Constantemente. Mas na verdade, nesse instante eu estou frágil de inspiração musical. Essa merda tem me causado preocupações infinitas sobre a minha capacidade, ou a capacidade que eu acreditva ter quando sentava e escrevia rapidamente uma canção, coisa que já não acontece naturalmente nem artificialmente nem mentalmente.
Não consigo mais encontrar bases para a evolução sonora inovadora que eu conseguia retirar do fundo da mente. Nao saem melodias nem letras. Agora tudo que consigo são riffs retirados de um microondas, algo pronto... Nada novo... Apenas igual ao que a maioria faz nessa cidade e algo que não vou fazer.
Preciso talvez de mais um novo ar. Ao voltar do litoral nada mais consegui extender pra fora de mim depois de terminar 'Insuportavelmente só' e compor em parceria com a Panda 'Mil, novessentos e sessenta e nove' e 'Essa garoa'. ''O que há de errado comigo? O que eu penso que penso?'' São esses os pensamentos constantes. Nada sai do violão. Nada da guitarra. Nada no papél, a caneta se recusa a rabiscar. Minha poesia e musicalidade enfraqueceram... ou se tornaram repetitivas demais............

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Relaçãomútua

Sonoroqualidadestempo; viualconcretizaçãoforma; verbalconceitológica... interfaces. Quanto mais próximo de nosso momento histórico mais híbridas se toranm as linguagens, relacionando-se mutuamente e influenciando-se.
Signos são mutáveis, mutantes de frente com a percepção, ponte de passagem dos fenômenos que permanecem inexistentes até a formação do signos na mente.
Tudo são matrizes de fora e dentro.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

XIII

Detesto aqui palavras de sussurros ou, quem sabe, berros por algo infinitamente sonolento.
Não me interessa escrever como certos nomes ou mesmo cantar a voz de outro, se acredito tanto no meu saber... Banhado à calmaria de um oceano triste. Eu sou a voz de uma cidade fria, a lágrima do testamento, lamento frágil das cinzas de um cigarro, razão inexstente, o álcool.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

XII

Eu tento escrever aqueles sentimentos mais virtuosos, mas sou a negação total desse adjetivo cansativo.
Viver na falta do amor achando que amava alguém, aqui e acolá, só me fez, em um determinado instante, perceber que desacreditei no amor. O amor, que de gozo forte e ofegante havia se tornado apenas uma trepada qualquer, foi perdendo forças e então desapareceu. Realmente não tinha mais condições de acreditar.
Foi então que em uma bela tarde de segunda feira, dia escroto que tinha tudo para ser vazio, deparei-me com olhos que concertaram minha razão e agitaram o meu mar. Nesses olhos fixei meu desejo, com dúvidas, obviamente, de tentar uma ultima vez encontrar uma brasa restante daquelas fogueiras passadas. Provei para meu eu que impossível é fugir e, sem medo, mergulhei fundo e hoje tenho a felicidade impregnada em alguém... que está ao meu lado... A certeza veio com o tempo, tudo no tempo certo...
Meu amor... alguém que me faz feliz.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

XI

As mais belas naturezas nos presenteiam cuidados esquemáticos, como se fossem hieróglifos fiéis de nosso conhecimento fraco, pobre e afetado de sentimento. Será que sabemos mesmo mergulhar no oceano da verdadeira vontade e, antes de mais nada, abrir portas para o esquecimento dos demônios trismegistos e da adoração de qualquer esquema superior? Acredito que não!
Somos uma central de informações e os pensamntos formam uma colossal roda giagante daquilo que conhecemos. Existem modos de observar (ir)realidades e se deliciar em saber que não passamos de mijos territoriais, fúteis e amargamente equivocados com aquilo que a vida coloca em nossas mãos.
O importante, na verdade, é apenas perceber que, sim (!), verdades podem ser enganadoras e são na maioria das vezes. Se há ou não algo além daquilo tudo que conhecemos e deixamos de conhecer, não importa para o mundo, apenas para você, pois deus é você... Um conceito fraco de eterno amor e vida em paz, que muitas vezes nos faz sentir como cacos velhos, prontos para serem pisoteados e requebrados em mais mil pedaços, sufocando-nos como peixes ao pensar que amanhã serão o prato da vez da espécio que se sobressaiu.

"Elifas Levi, Abracadabra, não sei o que eu faço aqui" - Paulo Hde Nadal

X

Pude revelar para meus medos narrativas de chuva ácida providas do meu ego e sem saber acumulei lembranças.
Dentre boas e más pude escolher a mais pesada para querer mal, muito mal o tempo todo.
Pensei: poemas nada trazem senão verdades momentâneas, mesmo em culpa ou mentira, o que vale é apenas o momento.
Escalando sem preparo, arranhões profundos ou escaras, no raso coma de uma ave libertada, que nunca soube o que era viver.
Em vôo supremo descobri névoas sobre todos, num silêncio pálido, entre o fogo e a morbidez decadente da preguiça ou simplesmente da falta de vontade de minha falta de palavras.
Corri então para longe e sem condições de acreditar-me imortalizei o passado em músicas de temas fajutos, depois de escutar o frio e desmembrar os erros e respirar e destruir as bases de comando da guerra entre meus sorrisos sinceros e falsos.
Às vezes sou um tanto anamórfico demais.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

IX

E então aqueles leves flashs, que na canção não se destinam a ela, se foram para nunca mais. E as bactérias desse amor idiota acabaram por se dustruir facilmente, depois da realidade fria passar, na cabeça agora salva de Lemos. Não tomou remédio e com suas forças restantes conseguiu construir uma fortaleza de espelhos, que refletem a falta de brilho daquela loucura, entre seu corpo e o malígno que emanava em sua direção.
Então levantou e, mesmo sem saber realmente onde estava afundado seu coração, caminhou até outras bocas, outros olhos, como sempre fez nos intervalos desse jogo insano. É simples de entender que para ele era apenas um jogo, uma provação, um desafio, ainda que não soubesse disso e agisse como louco atrás daquela verdade mentirosa... e quando começou a descobrir, tentava enganar-se. Era algo que deixara crescer, como um verme negativo em seus poemas.
Hoje nada mais importa daqueles tempos... E os tempos seguintes estão sendo mais felizes e repletos de maravilhas, que só sem aquele raio de mulher Lemos conseguiria desfrutar. E desfruta, tendo-a em sua cabeça apenas na hora de avacalhar as músicas que pra ela dedicou ao escrever. Ele está num platô, e a subida é quase infinita, mas sem aqueles olhos frios ele não mais é cego... Sem aquelas ondas sonoras repugnantes e esmagadores ele não mais é surdo. Não mais deseja aquela velha e moribunda mentira.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

VIII

Para Yuri Oval

Concordei com minha virtude mais banal e corri para o longe mais distante, naquela lembrança de todo o som que conseguimos criar à partir dos amplificadores exacerbados e microfonias completamnte externas, para que todos ali presentes, naquela jam espacial, conseguissem sentir tesão ao escutar.
Nossa música sem pretenção alcançou as estrelas, que permaneciam escondidas no céu azul e ao anoitecer foram pipocando uma após a outra, sem dificuldades.
Trocando experiências pudemos descordar da negação e juntar a força Fantasma e o Cosmos mais poderosos, em minutos de guitarras e olhares dispares que sacavam rapidamente aquilo que queríamos naquele instante eterno, que obviamente se repetirá.
As risadas limpas apenas fizeram crescer minha admiração e sem medo hoje posso dizer que, realmente, não há nada melhor do que estar em amigos fazendo algo de bom, que para muitos nada significaria, a não ser uma tola imbromação de mi - fá - sol, mas que para nós significou muito mais... uma elevação da alma e do pensamento.
Concordo contigo, caro amigo... somos completamente capazes para aquilo que precisamos para subir, subir e nunca apagar.

terça-feira, 27 de maio de 2008

VII

Para as garotas escrotas com quem me envolvi.

Não lamentei mais as perdas, lamentei apenas não me sentir confortável em devidas situações. Vontade de ter garotas belas, sensuais e quentes não me anima como antes... talvez pelo fato de algumas garotas terem se mostrado escrotas o bastante para que eu não as desejasse mais.
O fato da verdade estar um punhado de quilometros de mim me desanimou ainda mais, mas eu ainda acreditei ( e acredito! ), porém foi difícil e complicado conviver com isso... Então fui correndo atrás de aventuras, procurando me envenenar cada vez mais e desaguar por aí.
Sabia que em algum momento iria me encontrar e ameaçaria-me a perder o controle.
Eu já havia morrido tantas vezes que não tive dúvidas, nem vontade de levantar, precisei tanto de certas pessoas em determinadas horas da minha vida... e agora me alterno entre neblinas e raios, meu bem... eu não vou parar!

Eu então parti, trotando no caminho de núvens coloridas do meu pensamento. Guardei meu dinheiro para viver conforme certas músicas, e essas foram esterilizadas em alvejante, antes de serem injetadas em minha corrente sanguínea. Fui alvejado por garotas, pequenas crianças que apenas me chatearam. Umas queriam apenas sexo, outras apenas nada.

Hoje, então, sou meu pensamento negro, jogado para fora do meu corpo... e minha alma apodrece no limbo das palavras que mancharam para sempre meu corpo ao se encaixarem em meu órgão.
Aquelas palavras ditas em meus ouvidos eram ratos e baratas, corroendo minhas virtudes... sim, eu fui o que não sou... e hoje luto contra esses movimentos traidores. Pode-se de longe sentir minha dor, como se fosse uma doença terminal.
Sinto nojo daquilo tudo que amei, mas não abomino, apenas pela beleza daqueles olhos, lábios, seios, pernas e bundas corpos que ainda receberão muitos jatos de mentira e enganação.

Eu não valho nada, mas nunca disse que valia alguma coisa.

domingo, 4 de maio de 2008

VI

Para Vane.

Então ela se negou a deixar de lado, afinal era uma promessa. Uma forte sensação diferente. Nem ela e nem eu soubemos explicar a reação rápida de nossos corpos. A ligação foi direta, a partir do primeiro segundo.
Todos aqueles dias de incerteza foram lavados em poucas horas com palavras sobre qualquer coisa, cócegas, sorrisos, carinhos e abraços. Um amor que me fez viajar bem alto. Um abismo confortável de se cair, abismo de flores. Pois o amor ainda existe enquanto guardado.
Muito longe do constrangedor silêncio, nos tornamos um só apenas na junção dos nossos corpos... em uma noite, a melhor noite.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

V

As palavras se desencaixaram e o fim chegou um pouco mais além do que ela acreditou.
Recarregou sua arma e atirou verdades e realismos. Sim, a dor vai passar...
As minhas notícias já não mais tocam seu sentimento... seus ouvidos traiçoeiros. Se eu precisar de uma verdade, não exitarei em pedir para outra pessoa antes. Eu fui torto e errado, mas estive lá antes. Fora do chão, pra dentro de nós dois, pra fora de nós dois, pra dentro do esquecimento.

Não pega nada, não pega em mim.

terça-feira, 29 de abril de 2008

IV

Agora pouco tive medo. Medo de fazer o que fiz. As curvas me levaram a um precipício de tormento. Tudo estava tão confuso quanto as guitarras de milk it. Cadeados me trancaram no sonho da esperança. Um sonho em vão. Fraco e desfalecido, meu corpo entrou em chamas de derrota, perda, e uma desconfortante sensação de que nada valeu a pena... Mesmo que eu quisesse mudar isso.
Suas palavras inestimáveis me deixaram cada vez pior. Não vou entender nunca o que realmente aconteceu. Um turbilhão de verdades. Uma cura temporário que me manteve acordado, mas de efeito efêmero. Foi uma droga vencida. Um raio de segredos mudos em seus ouvidos medrosos e sínicos, intrigantes até demais... Que agora faz parte do meu passado.

III

Ela se foi em uma verdade só. Achou realmente que tudo aquilo que pensou e pensa está correto e eu, de alguma forma, devo perceber. O meu limíte, se já não chegou, está próximo.
Então, ela pediu licença e saiu, para nunca mais aquela noite. Ela é meu inferno quando não mais tenho forças para acompanhar seu pensamento.
Eu era um raio só, rachado numa tempestade de neve. E ela, querendo neve, teve o frio. Frio de minha espinha, frio de meus ossos... Da sensação de tê-la diminuindo em minha vista.
Destruição em massa daquilo que, porra, tão logo se iniciou, começou a explodir.
Perde-me por desculpas idiotas e nada me convence o contrário. Parte logo de uma vez! Vai Tarde! Tudo acabado entre nós!
Aqueles olhos me fazem tão bem, mas por apenas alguns minutos... Aqueles de minutos ao seu lado... Ela parece nem querer saber de mim. E NÃO, eu não entendo mesmo o que ela diz que não entendo. Vai doer... ô se vai... Mas me manterei de pé. Quem sabe eu mereça um diamante menos bruto. Na verdade, eu mereço risadas e palavras bobas, carinhos e preocupações com o que vai ser bom.
Eu fui embora aquela noite e nela repousei um último e fraco beijo. Foi triste. E será um cold turkey muito pior... Mas me manterei de pé.


"Cold turkey has got me on the run" - Lennon

sexta-feira, 25 de abril de 2008

II

Senti-me fraco. Sua otária então rolava audição adentro e a calma foi ficando fria. Tentei me acostumar com a sensação de estar triste...em vão. Eu não poderia ficar mais um minuto ali, naquele noturno lugar. Notícias ruins chegaram... Ela havia beijado uma boca inferior.Não pude aguentar a sensação de perda. De que vale tanto amor se não me queres mais - pensei naquele instante, escondendo lágrimas dela, que me observava de canto. Beijei Paulo em sua bochcecha direita e parti sem olhar pra trás. Mania certamente ficou preocupado, mas atendeu o meu pedido e não veio atrás de mim. Andei a Pres. Carlos Cavalcanti algumas quadras, no sentido contra os carros, que subiam em alta velocidade. O vento cortava minha face, congelando meu nariz. Sentei na calçada e fumei um cigarro atrás do outro... Mas eu realmente precisava de alguém pra conversar. Liguei para Paulo e logo ele apareceu com Ranghetti. Nós três fomos até o Largo procurar algo pra comer. Simplismente desabei palavras e lágrimas em cima dos meus caros irmãos. Falei de como eu me sentia auto-destrutivo e incapaz, que eu a tinha perdido para sempre. Chorar faz bem - dizia Ranghetti. Olhando o céu, minha única vontade era falar tudo, infinitamente tudo para ela. E foi o que fui fazer.
Logo a encontramos no caminho, estava com as amigas e então logo ficamos face to face. Desmoronei a verdade em cima daquele que é o olhar mais misterioso, a boca mais procurada, a ladra mais profunda de razão. Posso te dar um abraço? - ela perguntou. Então, aquela que nunca nada falava, começou a fazer cairem meteoros de verdades. Fui minguando, até quase sumir por completo. Pude ver que todos estavam errados. Eu estava completamente errado.

terça-feira, 22 de abril de 2008

I

Decidi me lançar ao fundo aquele fim de tarde. Fim de tarde nublado e frio. O desgosto do calor não mais fazia parte de meu suor. O sabor do sol poente estava branco e ofuscado pelas nuvens preocupadas do meu pensamento. - As pessoas não devem se preocupar - eu pensei convicto, mesmo sabendo da necessidade e da imortalidade da preocupação. Me preocupo e ponto, apesar de me preocupar pouco.
As leituras do mundo me fizeram então seguir para uma distante razão, uma lua, que no fundo mais escuro da galáxia espirrava o reflexo fraco do sol. Fui perdendo palavras no caminho, o que foi uma pena. Perder palavras tira toda a sua base em qualquer discussão. Se eu entrasse em uma dicussão com alguém, certamente iria perder, como perco muitas vezes por pensar apenas em mim e em meu prazer. Depois de alguns minutos eu já estava acompanhado, pairando desgostoso pelo universo. Lotado de entorpecentes alternativos, radioativos, tóxicos, peçonhentos e ultra-românticos, pude compreender aquele confuso momento, eco da lembrança. As palavras foram reaparecendo e da base que se reestabeleceu vi erguer um imenso arranha-céu de desilusões formadas para me chatear. E chatearam.
Me perdi por umas horas, realmente não sabia onde estava. As vias estavam congestionadas... Muitas loucuras numa leva de ondas e visões e palavras e opiniões, impregnadas em meus ouvidos machucados. Eu nada queria ouvir a não ser o eco do inalante, a mistura de todas as línguas em movimento, o trem passando sem se quer existir trilhos, o alarme que vem lá da Escandinávia, a voz da minha memória fraca... Então foi o que ouvi, ouvi a fuga útil, fútil.
Mais algumas horas se passaram. Toda a irrealidade já havia acabado. Abri meus olhos e o relógio completava meia volta. Já era de manhã. O hálito matinal me incomodava. Estava tudo super sem cor. Não havia mais barulhos, risadas...nada. Alguém fumava um cigarro, mas não pude ver quem era, talvez Slip, talvez não. Fui sentindo um peso terrível, como se o planeta Terra estivesse em meus ombros. Eu estive no ar aquela noite, mas toneladas me fizeram desabar. E eu fui caindo... Além, num profundo buraco de incerteza e preocupação... Infernal, diabólica.