sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Imarginalidade

Abro o fechamento dos meus olhos nesse deserto mortal de um domingo central presente no chão de cada manhã, ordinária e moribunda, de códigos monumentais. Nada vai rasgar a dor ou queimar de vez, tirando a minha voz de realidades fáceis ou recados de bar. Em chuva ou sol sou mil na vontade de ascender desesperadamente feito fogo, feito um terremoto, feito um soco na boca do estômago, feito carne crua a mastigar, feito o êxtase do eterno amor ou a correria fria na corrente sanguínea.
A imarginalidade de minha imaginação compromete-se ao se derreter com lembranças escrotas que acabam se reinventando de tempo em tempo, como a visita de alguém distante ou a cocaína em meus amigos amorosos, em músicas fajutas que agradam talvez gregos, talvez troianos.
O campo passível de minha arte nesse segredo mortífero inverte-se na narrativa dada, lançando o afeto que tenta corromper a noção de real e torna-la torta ou aleijada. O metafísico vem depois de conhecermos e aplicarmos nossa capacidade, vem depois do sucesso mental ou real.

Um comentário:

Anônimo disse...

doce, pode ser releitura, não pode?
saudades de você, saudades das suas palavrinhas. se cuida!